sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O valor da Beleza


Afinal, o que é beleza? Segundo o Aurélio beleza é uma qualidade de belo, coisa bela, muito agradável ou muito gostosa. Por sua vez belo é o que tem forma perfeita e proporções harmônicas, agradável aos sentidos e sereno.


O conceito de beleza não é visto igualmente por todos, o que é belo para um pode não ser belo para outro, depende do juízo feito pelo indivíduo sobre o objeto. E quem garante que o belo é tal padrão ou forma dita por um ou por outro?

Fazendo uso da linguagem o homem procura persuadir os outros de suas próprias idéias e opiniões, disseminando assim uma cultura conhecida por PIB (Padrão Inatingível de Beleza) que ganha a cada dia novos adeptos. Uma pena!

Como já dizia Platão a linguagem pode ser um medicamento para o conhecimento, pois pela comunicação conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando pela sedução das palavras nos faz aceitar, fascinados, o que vimos ou lemos, sem que indaguemos se é certo ou não.

A imagem passada do “belo”, pela Tv, revistas e outdoor alimenta somente a indústria de cosméticos, confecções e plásticas, em nada favorece as mulheres de modo geral.
O critério de beleza ao longo dos anos foi modificando-se, em outrora o corpo feminino já foi elogiado por silhuetas e formas mais robustas.
Na pré-história mulheres com seios fartos e ancas bem definidas eram as prediletas dos homens, pois mostravam que eram bem alimentadas e capazes de gerar filhos sadios. Porém a forma ideal do corpo mudou muito, o que prevalece são formas “esculpidas” e delineadas.

No século VIII quanto mais barriga a mulher tivesse, mais bonita ela era, já por volta do século XVII o objeto de desejo era a famosa cinturinha de pilão e nos anos 40 as mulheres belas eram aquelas que tivessem formas mais masculinizadas com ombros mais largos. Mas foi a partir dos anos 60 que começou a corrida pelo sonho de ser eternamente jovem e a cultuar a magreza.

Hoje o que se vê é uma total escravidão ao perfeccionismo corporal, com formas magérrimas e seios de silicone, o padrão da vez é: magreza absoluta.

Em virtude dessa “escravidão” o número de adolescente anorexas é enorme, não se preocupam com sua essência ou saúde só com a aparência.

O culto ao corpo supermagro difundido pela mídia tem ocasionado uma psicose social coletiva que assassina a auto-estima e manipula a imagem de crianças e adultos, sem distinção de classe ou cor.

É cada vez mais freqüente ouvirmos falar em casos de bulemia entre jovens, que iludidos por uma forma “perfeita” sacrificam o próprio corpo e muitas vezes a própria vida. Até parece que estamos na era da imagem e não da informação.

A paranóia da imagem ideal ultrapassa a essência humana do indivíduo. Segundo Sócrates conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do ponto de vista individual à idéia universal de cada um dos seres e de cada um dos valores da vida moral e política.

A busca pela perfeição, pelo “ideal”, pela superficialidade, tem levado as pessoas a agir sem raciocinar, tapando os olhos para o que realmente importa - o indivíduo como um todo e não como uma massa modelada e manipulada.

A sabedoria não consiste em ser perfeito, mas em saber que não somos e ter habilidade de usar nossas imperfeições para compreender as limitações da vida e amadurecer.

A beleza está nos olhos de quem vê e não em uma busca incessante por um padrão inatingível de beleza e nem por uma aceitação social por meio da mutilação da auto-estima.

Jandevânia Melo