sábado, 24 de maio de 2014

Professores municipais de Xinguara são ameaçados com processo administrativo

Há mais de um mês, 80% do educadores municipais de Xinguara estão em greve reivindicando um reajuste salarial que venha diminuir as perdas salariais ao longo dos anos. A greve na educação municipal teve início no dia 14 de abril e desde então os representantes da categoria vem tentando um acordo amigável com o governo, porém até o momento as partes não chegaram a um denominador comum.

Segundo o governo municipal a proposta oferecida de 4% atende as leis federal e municipal, assim como possibilita o pagamento em dia, alegando ainda que os professores recebem aproximadamente R$3,00 acima do piso salarial que é de R$ 1. 697,39. Mas, de acordo com a categoria o piso salarial aumentou 8,32% neste ano e não aceitam o repasse de apenas 4%.

De um lado o governo insiste em dizer que não há condição de pagar os 10,4%, solicitado pelos professores, e assim segue com ações que aterrorizam os mais de 90 grevistas. Ao invés de sentar e negociar com os educadores o governo preferiu contratar substitutos, que em sua maioria não possuem formação acadêmica, sendo poucos os que possuem curso técnico e bacharel, fazer circular durante todo o dia mensagens em carros de som de que as aulas no município estão funcionando normalmente, o que não condiz com a realidade, contratar guardas, diretor de jornal e cinegrafista para ficarem de plantão nos portões das escolas para coagir os educadores grevistas e assim tirar destes o direito de ir e vir além de publicar no Diário das Cidades dois comunicados com o total de 59 nomes de professores efetivos ameaçando-os a processo administrativo por abandono de emprego caso não retornem as salas de aula.

Ainda como meio de desmobilizar o movimento grevista o governo tem usado a maioria das mídias locais, na qual tem contrato, para veicular informações denegrindo a imagem de alguns professores assim como para enfatizar que se trata de um movimento partidário e não de lutas por melhorias salariais. Entretanto a maioria dos mais de 90 professores em greve não têm ligação nenhuma com qualquer partido e muitos deles apoiaram o atual gestor, Osvaldo Assunção (PMDB), durante a campanha eleitoral.

Em resposta a falta de respeito do governo com a classe, no dia 22 de maio os educadores interditaram a BR 155 aproximadamente a 2 Km da cidade em sentido ao município de Rio Maria. A BR 155 ficou fechada por 10 horas como meio de chamar atenção da comunidade para o caos da educação pública municipal, na qual o governo insiste em dizer que está tudo normal.

Educadores municipais de Xinguara são coibidos por seguranças e cinegrafista

Os educadores municipais de Xinguara estão vivendo um momento de intensa luta pela garantia de seus direitos e melhores condições de trabalho. E nos últimos dias a situação tem ficado ainda mais delicada: professores têm sido coibidos a entrar em seus locais de trabalho para convidar pais e responsáveis para reuniões de esclarecimentos quanto às reivindicações da categoria, alguns professores até sofreram tentativas de agressão física e outros calúnia e difamação.
Somado a ação de acatar uma recomendação do promotor, em contratar temporários para ocupar o lugar dos professores que se encontram em greve, o governo ainda tem colocado na frente das escolas guardas municipais para coibir a entrada de qualquer professor grevista no estabelecimento escolar e propagado em algumas mídias locais que as aulas estão normatizadas em todos os estabelecimentos de ensino.
Como resposta aos grevistas o governo começou a contratar deste o dia 12 de maio, sem qualquer concurso de caráter emergencial ou edital de qualificação profissional, substitutos temporários. Porém, muitos pais tem reclamado que alguns dos substitutos são guardas, monitores do programa Mais Educação e até mesmo pessoas sem o curso de magistério.
Já de acordo com o Sintepp as salas de aula não estão com 100% dos alunos e algumas turmas estão sem substitutos.
“Não estamos tendo aula direito, o substituto que está na sala no lugar do nosso professor não sabe o conteúdo e só fica enrolando, estamos tendo uma ou duas aulas por dia e nossa merenda também precisa melhorar. O prefeito deveria valorizar nossos professores, pois deles depende o nosso futuro”, declarou Carolina Gomes, aluna do 9º ano.
No último dia 15 de maio a professora Jandevânia Oliveira foi coibida ao entrar no seu local de trabalho, a mesma teria ido à escola para entregar um dinheiro a uma colega e foi seguida por 4 homens durante todo o tempo que permaneceu dentro da escola, sendo que um deles presta serviço de cinegrafia a prefeitura e outro é o diretor de um jornal da cidade.
“Senti-me uma assassina sendo perseguida para ser presa. Sou professora, ajudo a formar cidadãos e não sou bandida. Tive a minha liberdade invadida por esses seguranças, mas já estou tomando as medidas legais para tal ação abusiva”, declarou a professora.
Desde o dia 14 de abril os professores municipais de Xinguara se encontram em greve e até o momento todas as ações do governo municipal em impedir a luta destes trabalhadores foram vetadas.